
Pela fresta da janela que deixava o sol amarelar o quarto de um amarelo que costumamente não se vê nas estações frias, entraram uma a uma estas palavras:
"No próximo inverno , vá pela Cidade das Luzes em busca de respostas, terá chegado enfim a hora. Jamais desvie-se do seu caminho e siga sem deixar-se cegar; tentações e obstáculos não faltarão durante sua caminhada.Mas lembre-se: só ao final do caminho encontrará a resposta que procura.''
É claro que depois de encontradas, as respostas tem de serem trazidas de volta ao vilarejo pela pessoa, já transformada por ela em algo que as outras pessoas possam ver, ouvir, tocar, degustar, ou deglutir de modo que assim ela possa devolver ao mundo o que ele lhe deu. Essas respostas então são expostas em praça pública para que o maior número de pessoas possa se beneficiar delas.
O outono passou, o inverno chegou e a hora da menina cumprir sua missão também. Arrumou suas coisas e saiu sem se despedir. Não sabia quanto tempo levaria para voltar, o que é comum em ocasiões nas quais se vai em busca respostas.
Dos portões do vilarejo avistou a luz branca do sol que empalidecia as colinas e esbranquiçava o lago onde se lembrava ter mergulhado quando criança.
1. " The world is out of joint. Oh cursed spite! That ever I was born to set it right." (Hamlet, rapaz dinamarquês dado as dúvidas e inquietações).
II
Logo seus pés se viram fora do vilarejo. Deu um passo, dois, e ao caminhar do terceiro tropeçou em caixa redonda da cor do chão, com o seguinte símbolo na tampa:
Ninguém a disse mas ela sentiu que a caixa era sua - como de fato era - e deu-se o direto de abrí-la. Dentro da caixa havia um guarda-chuva sem cor, óculos redondos e pretos e um envelope em que estava escrito na frente:
?
E no verso
ABRA-ME NO FIM DO CAMINHO.
III
Quando a menina desceu do trem deu uma volta de torno de si mesma e olhou ao redor. Um pianista tocava algo, mulheres maquiadas riam alto ....
Exposições: File2009,Ocupação Zé Celso/ Itaú Cultural.






Durante todo nosso treinamento para a exposição Cuide de Você, esta foi palavra recorrente devido ao nosso estudo do livro Estética Relacional do Bourriaud.Ame ou odeie,o fato é que me parece impossível não pensar que encontros são esses que uma galeria,espaço cultural oferecem. Encontro entre pessoas?Entre publico e obra?Encontro mais metafísico?Naquele espaço eu encontrei Sophie,ou na verdade ela já está comigo faz tempo e eu não consigo deixa-la.Essa Calle pode ser mesmo muito controladora!
No dicionário,camuflagem é ato de camuflar.Camuflar é verbo transitivo direto e significa esconder-se ou disfarçar-se,podendo em sentido figurado ser também dissimular.E Sophie não faz um pouco disso também?Não brinca de esconde-esconde com o publico que indo ver a carta de rompimento acha que adentra em sua “intimidade” quando na verdade é ao contrário?Na verdade ela está bem resguardada e linha tênue entre ficção e realidade colocada em seu trabalho faz com que cada vez que alguém ache que a “chave” para entende-la está em sua vida pessoal,cada vez mais essa pessoa se afasta de sua obra.Mas voltemos a Geiger. Me chamou bastante atenção algumas fotos da década de 70,nas quais ela faz uma foto-montagem em frames de um filme de Bertolucci,assim aparecendo no canto e também em fotos com Warhol.Coisa simples e corriqueira hoje em dia, que qualquer um pode com ajuda de photoshop fazer. O interessante não é a montagem em si, tosca ,mas o porque de se estar dentro de uma galeria,o porque ser obra e o fetiche em fazer parte da história.Sim porque ela não aparece como amiga do Zexinho,mas daquele que disse que no futuro todos teríamos 15 minutos de fama.
Foi a primeira coisa que pensei e junto, onde vou arranjar este texto?!!
ótimo!Agora para a página 17.Mas...
Logo, se mostraram inviáveis.Não havia mais para onde ir.