domingo, 23 de agosto de 2009

LA RECHÈRCHE PAR RANCIÈRE

Quarta- feira,dia 5 de agosto,recebi um envelope com instruções para um laboratório móvel.Minha tarefa era ir sexta-feira à exposição de Anna Bella Geiger no Espaço Caixa Cultural da Sé.Não conhecia o trabalho da artista e depois vim a descobrir que minha única referencia sobre Anna era a musica que Marina Lima fez em sua homenagem, que o Flavio adora e já havia me cantado um pedaço no nosso primeiro dia de treinamento.
Sexta-feira,dia 7 de agosto, as 10h45 cheguei à Sé para ver a exposição.Enquanto do lado de fora,uma multidão se aglomerava em torno de repentistas e pastores,o interior da Caixa era silencio e corredores vazios.O espaço era bem pequeno,um pouco desleixado em sua apresentação.Estava com Sophie Calle na cabeça e as primeiras coisas que me chamaram a atenção na verdade foram algumas palavras no texto de parede.

Durante todo nosso treinamento para a exposição Cuide de Você, esta foi palavra recorrente devido ao nosso estudo do livro Estética Relacional do Bourriaud.Ame ou odeie,o fato é que me parece impossível não pensar que encontros são esses que uma galeria,espaço cultural oferecem. Encontro entre pessoas?Entre publico e obra?Encontro mais metafísico?Naquele espaço eu encontrei Sophie,ou na verdade ela já está comigo faz tempo e eu não consigo deixa-la.Essa Calle pode ser mesmo muito controladora!No dicionário,camuflagem é ato de camuflar.Camuflar é verbo transitivo direto e significa esconder-se ou disfarçar-se,podendo em sentido figurado ser também dissimular.E Sophie não faz um pouco disso também?Não brinca de esconde-esconde com o publico que indo ver a carta de rompimento acha que adentra em sua “intimidade” quando na verdade é ao contrário?Na verdade ela está bem resguardada e linha tênue entre ficção e realidade colocada em seu trabalho faz com que cada vez que alguém ache que a “chave” para entende-la está em sua vida pessoal,cada vez mais essa pessoa se afasta de sua obra.Mas voltemos a Geiger. Me chamou bastante atenção algumas fotos da década de 70,nas quais ela faz uma foto-montagem em frames de um filme de Bertolucci,assim aparecendo no canto e também em fotos com Warhol.Coisa simples e corriqueira hoje em dia, que qualquer um pode com ajuda de photoshop fazer. O interessante não é a montagem em si, tosca ,mas o porque de se estar dentro de uma galeria,o porque ser obra e o fetiche em fazer parte da história.Sim porque ela não aparece como amiga do Zexinho,mas daquele que disse que no futuro todos teríamos 15 minutos de fama.
A fotografia como documentação do real,o documento histórico como imaculado e portador da verdade.O que separa realidade e ficção?O que é realidade?Com estas questões na cabeça,me sentei num banquinho e peguei o meu envelope,com um grande ? . Existia uma tarefa secreta a ser feita,que só poderia ser descoberta dentro da exposição. Abri o papel e o li:
LER O MESTRE IGONORANTE DE JACQUES RANCIÈRE E REFLETIR SOBRE SUA EXPERIENCIA.


Foi a primeira coisa que pensei e junto, onde vou arranjar este texto?!!
Mais tarde,12h45 cheguei em casa me perguntando onde iria conseguir o texto.A primeira coisa que fiz foi procurar na apostila,nada. Deve estar em algum dos e-mails trocados durante o treinamento,eram tantos textos,nada!Decidi postergar a tarefa por um tempo.Às 14h40 voltei a ficar preocupada em como iria executa-la,fui para o computador consultar o grande oráculo,google.
14h45

Amaldiçoei os deuses e minha inabilidade para achar qualquer e-book que seja

14h50



ótimo!Agora para a página 17.Mas...



15h05

Um pouco desesperada,procurei outras alternativas...

Logo, se mostraram inviáveis.Não havia mais para onde ir.
15h40
Joguei a toalha e resolvi fazer uma outra coisa com o laboratório. Uma busca por Rancière .Fotografando páginas da internet e seus horários de busca.
Devo ter começado a busca à noite,ou será que foi no dia seguinte?Fotos e horários como diário de bordo são provas empíricas de minhas ações?
Qual a linha tênue entre ficção e realidade?
Postado por Malu Andrade

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