Sexta-feira,dia 7 de agosto, as 10h45 cheguei à Sé para ver a exposição.Enquanto do lado de fora,uma multidão se aglomerava em torno de repentistas e pastores,o interior da Caixa era silencio e corredores vazios.O espaço era bem pequeno,um pouco desleixado em sua apresentação.Estava com Sophie Calle na cabeça e as primeiras coisas que me chamaram a atenção na verdade foram algumas palavras no texto de parede.
Durante todo nosso treinamento para a exposição Cuide de Você, esta foi palavra recorrente devido ao nosso estudo do livro Estética Relacional do Bourriaud.Ame ou odeie,o fato é que me parece impossível não pensar que encontros são esses que uma galeria,espaço cultural oferecem. Encontro entre pessoas?Entre publico e obra?Encontro mais metafísico?Naquele espaço eu encontrei Sophie,ou na verdade ela já está comigo faz tempo e eu não consigo deixa-la.Essa Calle pode ser mesmo muito controladora!
No dicionário,camuflagem é ato de camuflar.Camuflar é verbo transitivo direto e significa esconder-se ou disfarçar-se,podendo em sentido figurado ser também dissimular.E Sophie não faz um pouco disso também?Não brinca de esconde-esconde com o publico que indo ver a carta de rompimento acha que adentra em sua “intimidade” quando na verdade é ao contrário?Na verdade ela está bem resguardada e linha tênue entre ficção e realidade colocada em seu trabalho faz com que cada vez que alguém ache que a “chave” para entende-la está em sua vida pessoal,cada vez mais essa pessoa se afasta de sua obra.Mas voltemos a Geiger. Me chamou bastante atenção algumas fotos da década de 70,nas quais ela faz uma foto-montagem em frames de um filme de Bertolucci,assim aparecendo no canto e também em fotos com Warhol.Coisa simples e corriqueira hoje em dia, que qualquer um pode com ajuda de photoshop fazer. O interessante não é a montagem em si, tosca ,mas o porque de se estar dentro de uma galeria,o porque ser obra e o fetiche em fazer parte da história.Sim porque ela não aparece como amiga do Zexinho,mas daquele que disse que no futuro todos teríamos 15 minutos de fama.A fotografia como documentação do real,o documento histórico como imaculado e portador da verdade.O que separa realidade e ficção?O que é realidade?Com estas questões na cabeça,me sentei num banquinho e peguei o meu envelope,com um grande ? . Existia uma tarefa secreta a ser feita,que só poderia ser descoberta dentro da exposição. Abri o papel e o li:
LER O MESTRE IGONORANTE DE JACQUES RANCIÈRE E REFLETIR SOBRE SUA EXPERIENCIA.
LER O MESTRE IGONORANTE DE JACQUES RANCIÈRE E REFLETIR SOBRE SUA EXPERIENCIA.
Foi a primeira coisa que pensei e junto, onde vou arranjar este texto?!!Mais tarde,12h45 cheguei em casa me perguntando onde iria conseguir o texto.A primeira coisa que fiz foi procurar na apostila,nada. Deve estar em algum dos e-mails trocados durante o treinamento,eram tantos textos,nada!Decidi postergar a tarefa por um tempo.Às 14h40 voltei a ficar preocupada em como iria executa-la,fui para o computador consultar o grande oráculo,google.
14h45

Amaldiçoei os deuses e minha inabilidade para achar qualquer e-book que seja
14h50
ótimo!Agora para a página 17.Mas...
15h05
Um pouco desesperada,procurei outras alternativas...
Logo, se mostraram inviáveis.Não havia mais para onde ir.15h40
Joguei a toalha e resolvi fazer uma outra coisa com o laboratório. Uma busca por Rancière .Fotografando páginas da internet e seus horários de busca.
Devo ter começado a busca à noite,ou será que foi no dia seguinte?Fotos e horários como diário de bordo são provas empíricas de minhas ações?
Qual a linha tênue entre ficção e realidade?
Qual a linha tênue entre ficção e realidade?
Em tempo, se alguém ficou curioso para ler O Mestre Ignorante : http://www.4shared.com/network/search.jsp?sortType=1&sortOrder=1&sortmode=2&searchName=Jacques+Ranci%C3%A8re+&searchmode=2&searchName=Jacques+Ranci%C3%A8re+&searchDescription=&searchExtention=&sizeCriteria=atleast&sizevalue=10&start=0
Postado por Malu Andrade
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